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SOBRE
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A COMPREENSÃO DA MOSTRA

 

A referida Mostra é de caráter interdisciplinar por apresentar conteúdos oriundos de diferentes disciplinas e/ou áreas do conhecimento científico que provocam e desenvolvem o diálogo em prol da saúde mental e emocional. Dessa forma, pode-se afirmar que o evento está adequado ao método citado e suas orientações, pois, interdisciplinaridade é o diálogo entre uma ou mais disciplinas com a finalidade de melhor compreensão e/ou evolução de um determinado assunto, por muitas vezes, no sentido de solucionar uma ou mais problemáticas. 

A interdisciplinaridade é conceituada pelo grau de integração entre as disciplinas e a intensidade de trocas entre os especialistas; desse processo interativo, todas as disciplinas devem sair enriquecidas (COSTA, 2007). 

Vale ressaltar que a interdisciplinaridade se dá pelo alcance do entendimento sobre um tema através do diálogo realizado entre os saberes, e não pela quantidade de profissionais, pesquisadores, estudiosos e/ou autores presentes no debate. 

De acordo com Pombo (2003), a prática interdisciplinar não acontece pela simples junção ou presença física de várias pessoas em torno de uma mesma questão. Na interdisciplinaridade, como afirma a Autora (2005), as disciplinas comunicam umas com as outras, confrontam e discutem as suas perspectivas, além de estabelecerem entre si, uma interação mais ou menos forte (apud Oliveira e Santos, 2017).

Não é diferente na área da saúde, onde, nos últimos anos, as disciplinas têm demonstrado um grande interesse na construção do diálogo entre si e com outras áreas do conhecimento, como por exemplo, com as ciências humanas e sociais.

Uma possível interdisciplinaridade no campo da saúde, incluindo as ciências sociais (e sua produção), está sendo construída a partir das exigências institucionais de gestão envolvendo o adoecimento das populações, que atingiu, nesta conjuntura de capitalismo globalizado, uma complexidade inimaginável. [...] a saúde passa a ser vista agora como um domínio de conhecimento e intervenção compartilhado com outras disciplinas (LUZ, 2000).

Ao longo dos anos 2000 a visão sobre a saúde no contexto brasileiro tem sido ampliada também na prática, ganho fundamental oriundo dos estudos, práticas e lutas - em especial - das últimas décadas do século passado, ou seja, de cenários que envolvem desde a reforma sanitária e a reforma psiquiátrica na década de 1970, passando pela efervescência sociopolítica dos anos 80 até chegar ao contexto da universalização da saúde a partir da Constituição de 1988, da implantação do SUS no início da década de 90 e da Política de Saúde Mental no ano de 2001, esta, através da lei 10.216 intitulada: Lei da Reforma Psiquiátrica.

A referida Lei e seus desencadeamentos, no decorrer das discussões e desenvolvimento das ações, possibilitaram a abertura para outras áreas do conhecimento, além da psiquiatria e da psicologia (categorias fundamentais). Foi a partir dos novos paradigmas os quais devem orientar a implementação das ações em saúde, inclusive, na área da saúde mental e emocional, que se pôde identificar a inserção gradativa de práticas profissionais sob o método interdisciplinar. Este, possibilita resultados parciais e finais, relacionados aos diversos tipos de tratamento e/ou terapêutica, com ganhos reconhecidos e satisfatórios - tanto para os profissionais e/ou equipe - quanto para os usuários, pacientes e/ou clientes.

Na atualidade, a prática interdisciplinar tem sido exigência em muitos espaços de saúde, inclusive, nas instituições públicas e particulares que tratam doenças psicossomáticas, transtornos mentais, reabilitação psicossocial e o próprio bem-estar físico e mental (MACÊDO, 2019). 

Podem ser acrescentados a estes espaços de saúde com perfil interdisciplinar, os que oferecem serviços fundamentados em teorias, paradigmas e/ou linhas de pensamento que compreendem a saúde de forma complexa. Ambientes variados e compostos por profissionais que exercem atribuições sob a ótica do bem-estar do ser humano e não da visão restrita da doença ou do doente, isto em qualquer tipo de enfermidade ou área da saúde. 

A visão biopsicossocial sobre a saúde é ponto relevante para qualquer tipo de tratamento, além dos procedimentos e/ou terapêuticas específicos em cada área e caso, indiscutivelmente. Todavia, tanto a ciência quanto a própria realidade têm mostrado o quanto os trabalhos interdisciplinares, especialmente, os que consideram o aspecto da saúde mental e emocional, têm alcançado melhores resultados e, consequentemente, desmantelado culturas e velhos paradigmas não mais pertinentes, muito menos, providenciais.

As orientações dos novos paradigmas decorrem de uma visão mais ampla onde: saúde não é somente o contrário de doença, como percebe o paradigma flexneriano - oriundo do Relatório Flexner de 1910. Na ótica da saúde coletiva, saúde é estar bem, em pleno exercício dos direitos sociais e/ou da cidadania. Além destes paradigmas e olhares, existem os que incluem outros aspectos como o da energia e da espiritualidade, como é o caso dos que fundamentam a ciência holística e afins.

Contudo, pode-se afirmar que, no que diz respeito ao que propõe a Mostra, além de despertar para a temática que envolve a saúde mental e emocional - sem a pretensão de esgotar o assunto - tem como missão: apresentar conteúdos de cunho científico e social referentes à área citada sob a ótica interdisciplinar. Isto é, disponibilizar trabalhos seguros sobre o tema e problemáticas a partir do diálogo entre diferentes disciplinas e/ou áreas do conhecimento, bem como, da sua utilidade para a população.

REFERÊNCIAS

COSTA, Rosemary Pereira. Interdisciplinaridade e equipes de saúde: concepções. Mental, V.5, n.8, Barbacena, jun/2007.

LUZ, M. T. A produção científica em ciências sociais e saúde: notas preliminares. Revista Saúde em debate. v. 24, n. 55. Rio de Janeiro. maio/ago. 2000.

MACÊDO, Antônio César Dias de. A prática interdisciplinar em saúde mental: campanha janeiro branco. CDC Canal Social - Ciência e Desenvolvimento Comunitário, 23 jan. 2019. Disponível em: <http://cdccanalsocial.comunidades.net/a-pratica-interdisciplinar-em-sm>.  Acesso em: 17 jul. 2019.

OLIVEIRA, Elizandra B. de; SANTOS, Franklin N. dos. 5 pressupostos e definições em interdisciplinaridade: diálogo com alguns autores. Rev. Interdisciplinaridade, PUC/SP, n. 11, out. 2017.  


MACÊDO, Antônio César Dias de. A compreensão da mostra. Mostra Interdisciplinar em Saúde Mental. <https://mism.comunidades.net>, 2023.